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“Tivemos que sobreviver”, conta Jeff sobre os bastidores do No Pads

Há um mês, antes do Simple Plan embarcar para a Europa e dar continuidade a No Pads, No Helmets… Just Balls Tour, os integrantes da banda e algumas pessoas da equipe (diretor, produtor e gerente) bateram um papo com a Alternative Press e contaram a verdadeira história por trás do primeiro álbum que foi lançado há 15 anos!

Em detalhes, os caras contaram como um processo de composição/gravação que poderia ter durado dois meses, durou cerca de um ano. Segundo Jeff, eles tiveram que sobreviver a tudo isso. Mas apesar dos desafios que enfrentaram, o produtor Arnold Lanni contou como nunca desistiram do álbum, que em março de 2002 foi lançado. Além disso, falaram sobre a primeira vez que tocaram na Warped Tour e o medo de não serem aceitos no festival. Leia isso e mais na tradução feita pela nossa equipe:

Simple Plan conta a verdadeira história por trás do No Pads, No Helmet… Just Balls

Quinze anos depois do No Pads, No Helmets… Just Balls revelar o Simple Plan de obscuros pop-punkers canadenses para grandes compositores de hits, a banda está gastando a maioria do tempo de 2017 na estrada, revisitando o álbum, tocando-o de cabo a rabo todas as noites.

Antes de irem para a Europa este mês e voltar para os Estados Unidos para continuar a turnê em agosto, a banda e alguns de seus círculos internos foram caçados pela AP para contar os processos, muitas vezes tumultuados, pelos quais o No Pads aconteceu. Como o guitarrista Jeff Stinco observa: “Há uma tendência para unificar a história e lembrar o que aconteceu de uma forma muito gloriosa, e fazer parecer que era uma só vontade. Mas acho que o que é importante é que foram cinco caras, que tiveram situações completamente diferentes, entrando no estúdio”. Ele faz uma pausa para acrescentar: “Tivemos que sobreviver”.

A BANDA:

PIERRE BOUVIER: vocais
CHUCK COMEAU: bateria
DAVID DESROSIERS: baixo
JEFF STINCO: guitarra
SEBASTIEN LEFEBVRE: guitarra (não estava presente nesta entrevista, infelizmente)

AS TESTEMUNHAS:

ANDY KARP: diretor de A&R, da Lava Records
ARNOLD LANNI: produtor
ERIC LAWRENCE: gerente do Simple Plan

VIVENDO OS PIORES DIAS DA VIDA

JEFF STINCO: O processo em si foi longo. Arnold nos desafiou muito. Esse álbum poderia ter levado, no máximo, dois meses para ser feito: demorou um ano. Vivíamos muito próximos, dormindo em uma sala, sem janelas, com beliches. Nós cozinhávamos para nós mesmos, o que é normal, mas ninguém sabia cozinhar, então era horrível. Foi um processo tedioso. Arnold teve essa visão onde ele diria: “Vocês vão se gravar, eu vou voltar, criticar e editar”, e foi exatamente o que ele fez. Ele nos deixaria dias e dias de uma só vez no estúdio, nós gravaríamos todo o álbum, ele iria voltar e dizer: “Sim, você poderia fazer melhor”, e arranhar tudo o que fiz. Foi frustrante.

ARNOLD LANNI: Pode ter sido dessa forma, mas quando eu era músico, eu nunca quis pessoas me supervisionando. Eu queria que o meu produtor dissesse: “Aqui está a música. Aqui está o que eu gostaria que você fizesse. Quanto tempo você precisa? Uma hora e meia? Eu voltarei em uma hora e meia, porque dessa forma, eu não estou supervisionando enquanto você trabalha.” Isso foi apenas para fazê-los perseguir o que queriam alcançar. Se você apontar para um alvo e você não atingiu o alvo, eu tenho que pelo menos mencionar isso. Em algumas ocasiões, eu diria: “Aqui está o que eu quero que você faça. Estarei no quarto ao lado, ou eu voltarei três horas depois de ter uma chance de gravar isso.” Se não fosse o que nós, como um grupo, falamos, eu voltaria e diria: “Sim, isso é inaceitável.” Nunca foi nada pessoal; É difícil às vezes explicar a um jovem o que eles não conhecem. Devido Jeff ser um músico tão talentoso, eu teimava para que ele fizesse coisas que provavelmente estavam um pouco fora de sua zona de conforto – não em um sentido técnico, porque provavelmente não há nada que Jeff não possa tocar, mas porque ele é tão bom – mas eu estava fazendo coisas para que fosse criada uma atmosfera de tensão dentro de uma música. Coisas assim, não sei se ele, no momento tão jovem, entendeu.

PIERRE BOUVIER: Houve alguns tempos difíceis, com certeza. Sentimos que era uma oportunidade bastante grande para nós e não queríamos desperdiçar, porque se você arruinar seu primeiro álbum, você está ferrado. Eu acho que Arnold é realmente um artista, e eu acho que ele fica vidrado naquele “vamos fazer disso o melhor que podemos” [mentalidade]. Estávamos trabalhando com Arnold por cerca de um ano e meio antes de termos assinado o contrato, então passamos muito tempo juntos e houve muito confronto de opiniões. Ele veio de um mundo diferente do que nós e ele queria empurrar um som peculiar e mais pop do que estávamos fazendo. Nós éramos mais do tipo pop-punk que queria manter tudo um pouco mais simples. Ele dizia que não havia dinâmica na banda. Todos nós éramos perfeccionistas. Em alguns dias eu fazia os vocais para toda uma canção, vocais principais, backing vocals, tudo. Passavam horas e horas enquanto ele estava fora do estúdio, fazendo outra coisa. Então ele voltava de noite, às 21, 22hrs, ouvia o que tínhamos gravado e soltava um: “Hm, eu não sei. Não tenho certeza de que estou sentindo isso. Nós vamos fazer isso de novo amanhã.” Meu pensamento era: “O quê? Eu cantei com meu coração o dia todo e isso não está funcionando?”.

DAVID DESROSIERS: Foi a minha primeira vez em um estúdio de gravação apropriado. Fiquei muito sobrecarregado e intimidado pelo processo. A visão de Arnold para a banda era que o cantor estava cantando coisas estranhas e os guitarristas deveriam usar diferentes tipos de estruturas de acordes, enquanto nós só queríamos tocar muito.

BOUVIER: Arnold estava realmente tentando nos fazer parecer únicos e diferentes e uma das maneiras que ele estava fazendo pra que eu me esforçasse – com suas próprias palavras – era que eu tinha que “soar mais chorão”. Havia alguns cantores nos anos 80 que soavam um pouco patetas para os meus ouvidos, mas para ele era como “Faça uma voz mais adolescente e irritante”, e eu falava: “Não, eu não gosto disso!”. Quando eu o escuto hoje [No Pads], acho que é aquele álbum em que minha voz soa mais chorosa e isso realmente me irrita. Eu acho difícil ouvir.

DESROSIERS: Arnold teve essa analogia que ele usaria: “Agora, eu sou John McEnroe, e vocês não podem fazer uma cesta de três pontos [basquete]”. Nós sempre quisemos dizer: “Que tal você ser aquele excelente tenista aposentado que agora está treinando um tenista mais jovem que você? (risos) Eu acho que isso teria funcionado um pouco melhor”.

LANNI: Eu concordo com os amigos que foi difícil. Eu acho que muito disso foi devido ao fato de que eles eram muito jovens e ansiosos. Eles sabiam quem eles queriam ser. O que todos nós sabíamos era que todos nós queríamos o mesmo: queríamos fazer um álbum pelo qual nos orgulharíamos e também queríamos que, esperançosamente, fosse o teste do tempo. Para fazer isso, o que eu tentei argumentar, foi como podemos nos separar de todos os outros, e essa foi provavelmente a coisa mais difícil para os rapazes entenderem em uma idade tão jovem.

ANDY KARP: Você teve muitas personalidades fortes. Arnold é um chefe que delega tarefa, e ele vai fazer isso. Ele realmente trabalha cantores, o que é muito difícil. Eu estava lá com bastante frequência durante a gravação e eu lembro de me sentir um pouco como um psicoterapeuta, às vezes como um diplomata, mas isso vem junto com o trabalho.

BOUVIER: Arnold estava realmente nos empurrando para o extremo até o ponto em que às vezes nós apenas queríamos dizer: “Vá para o inferno, cara. Eu acho que o que a gente faz realmente é bom e não sei do que você está falando (risos)”.

LANNI: Eu sempre soube, porque eles eram bons filhos e eles estavam discutindo as razões certas, não era um concurso de bate-boca, onde era apenas ganhar por ganhar. Eles só queriam fazer uma grande obra e nós simplesmente discordávamos um pouco sobre como chegar lá. Eu brinco com os caras agora e digo de voltarmos e tentarmos lançar um No Pads agora, e acho que 90% das coisas que achamos que eram desafiantes provavelmente não seriam um problema hoje em virtude do fato de sermos um pouco mais velhos. Eu lembro que depois que o álbum foi gravado, nós não conversamos. Nós não nos falamos por um tempo e não foi nada pessoal, era apenas sinal de que eles foram realmente desafiados. Eu bato palmas a eles porque nunca desistiram, nunca abandonaram. Eu sou um pouco famoso por tentar tirar o máximo proveito de alguém, mas nunca pedi que eles fizessem algo que não pudessem fazer. Eu acho que, olhando para trás, 15 anos se passaram e o No Pads ainda perdura. Melodicamente, é uma obra-prima. As músicas são incríveis e é porque houve muita batalha por isso.

BOUVIER: Não existe o certo ou o errado, só acho que para adolescentes que acabaram de assinar um contrato com uma gravadora, achávamos que sabíamos o que precisávamos e achávamos que ele sabia o que precisávamos e que nem sempre eram as mesmas coisas. No final de tudo, acho que o CD ficou ótimo. Nosso relacionamento com Arnold foi testado muitas vezes durante esse o processo de gravação, e no momento em que foi feito, eu diria que definitivamente precisamos de um intervalo um do outro. Provavelmente houve algumas palavras ruins que foram trocadas sobre o que pensávamos um sobre o outro, mas isso é ótimo porque depois de todo esse tempo, nosso relacionamento com Arnold se tornou melhor e solidificado e percebemos todos os aspectos positivos que ele trouxe ao disco. Isso diz muito que hoje somos bons amigos. Só precisávamos de um momento depois para respirar. Foi um período muito intenso.

Apesar do tumulto por trás de tudo, o No Pads, No Helmets… Just Balls foi finalmente lançado em 19 de março de 2002, com pouca aclamação. A banda inicialmente queria deslanchar com Addicted como single principal, mas uma oportunidade de cinema surgiu e I’m Just A Kid foi a primeira introdução do mainstream ao Simple Plan. Após tal revelação inicial, o álbum decolou, vendendo mais de 3 milhões de cópias em todo o mundo. Totalmente imerso na geração da MTV, a banda começou a sentir o retorno de seu sucesso com os adeptos do pop-punk acusando-os de serem vendidos, entre outras coisas, durante o verão na Warped Tour. “Eu antecipei que haveria alguma dessas acusações”, explica Andy Karp. “Eu também tive em minha mente que esta poderia ser a primeira banda de pop-punk boy. Eles eram caras de boa aparência e eles podiam cantar muito porque eles tinham músicas. Mas é difícil para uma audiência americana perceber uma banda como uma banda de punk. “Eu acho que isso foi um pouco injusto”, acrescentou o representante de A&R. “Porque eles realmente fizeram a lição de casa e, no momento em que eles concluíram a Warped Tour, acho que muitas bandas tiveram respeito por eles”.

STINCO: Para nós, tocar na Warped Tour foi uma conquista. Foi definitivamente uma turnê difícil, mas uma turnê importante. Você está saindo de dois anos de turnê porcaria, turnês não muito bem sucedidas, e de repente você está tocando na Warped Tour. O Simple Plan foi percebido como uma banda alternativa e de repente você está tocando na MTV. Até agora os fãs chegam nos shows e dizem que estamos arrasando. É a mesma música da época da porcaria, cara. É o mesmo álbum. Nós tocamos o mesmo disco nos últimos três anos [Taking One For The Team]! Você ainda está nos dizendo que somos vendidos? Você deveria ver meu apartamento em Montreal – não estou vendendo nada!

CHUCK COMEAU: Nos saímos bem porque o pop-punk estava explodindo. Houve um grande empurrão em relação a todas essas bandas. Nós provavelmente fomos, na mente das pessoas, o pior exemplo dessa cena, o tipo de punk do shopping. Nós tínhamos amigos que estavam em bandas mais pesadas, no lado mais punk-rock do Warped Tour, que nos falaram muita coisa ruim sobre o nosso som, o álbum e a banda. Eu acho que lemos isso de muitas maneiras diferentes.

STINCO: Eu debati alguns argumentos com adolescentes do punk-rock após os shows e tentaria fazê-los entender que o que eles diziam era realmente muito, muito prejudicial e não fazia sentido. Eu tive várias conversas depois de shows com pessoas. Se elas estivessem jogando garrafas na gente, eu iria pular na multidão e conversar com o cara, apenas discutir com eles, fazer com que tivesse sentido para alguns deles. Eu fiz críticas muito difíceis.

COMEAU: Na época, a venda total era extremamente tabu. É impressionante para mim como isso mudou em 15 anos. Agora, você é avaliado em como você é popular, quantos seguidores você tem e quão grande você é. Quando saímos, era o oposto completo. Você não deveria querer ser grande, popular e famoso. Você deveria ter prazer em ser uma pequena banda subterrânea e nunca nos sentimos assim. Sempre sentimos que queríamos chegar às pessoas, queríamos tocar na frente de muitas pessoas. Eu pensei que algumas das críticas eram injustas. Nós apenas seguimos nossos corações e fizemos o que acreditávamos.

BOUVIER: Eu acho que há algo ligado à banda e não tenho certeza do porquê tem se mantido. Uma vez que você consegue sucesso e você está na boca das pessoas que talvez não desejam necessariamente ser seus fãs, isso sempre pode causar um pequeno problema. Eu também acho que o Simple Plan sempre esteve no lado mais pop do que pop punk – não tão pesado, nem tão agressivo. Por algum motivo, o gênero da cena do pop-punk da Warped Tour é muito interessante: ou você é legal ou você não se encaixa. Isso seguiu a banda durante toda a carreira. Algumas das bases de fãs Warped simplesmente não querem gostar de nós. É muito bizarro porque é apenas música e parece que é uma briga de escola do ensino médio o tempo todo.

ERIC LAWRENCE: Houve uma decisão consciente tomada. Os EUA é o país mais fragmentado do planeta quando se trata de separar gêneros de música. Na América, uma gravadora escolherá seu caminho, mas em outras partes do mundo, a música não existe dessa maneira. Alguns anos após esse álbum, o Simple Plan tocou como banda de abertura de um festival para o Metallica na África do Sul e ninguém questionou nada. Se você tentat fazer isso nos EUA, o Simple Plan seria assassinado, provavelmente literalmente. Sabendo que queríamos alcançar o resto do mundo, queríamos que o resto do mundo os observasse como um ato pop e não como um punk. Então, fomos direto para o rádio pop em vez de primeiro ir para a alternativa punk. Houve um medo de curto prazo na frente de credibilidade – se não surgirmos em rádio alternativa, continuaremos sendo legais? -, mas o medo a longo prazo era se eles viveriam apenas em rádio alternativa, como fizemos essa banda conhecida em todo o mundo? Fizemos isso conscientemente. Conversamos com todos sobre isso, incluindo a banda. Nós fomos até a rádio pop primeiro, o que não foi feito antes com nenhuma banda de rock em um rótulo americano. Sabíamos que isso levaria a alguns problemas: e um desses problemas é que você vai no Warped Tour e algumas pessoas estão jogando garrafas na sua cabeça porque acham que você é uma banda pop.

“I’D DO ANYTHING… AND I DID” – EU FARIA QUALQUER COISA… E FIZEMOS

Tendo sobrevivido à adversidade, 15 anos depois, a banda e os integrantes envolvidos no álbum têm a maioria dos sentimentos calorosos em relação ao período do No Pads. “Nós fizemos um álbum com o qual realmente nos preocupamos”, diz Comeau. “Não foi uma tentativa de colocar algo que odiamos e ganharmos muito dinheiro. Realmente foi um reflexo dos nossos gostos e do que amamos”.

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