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Pierre Bouvier fala sobre importância da Warped Tour à Rolling Stone

O vocalista do Simple Plan, Pierre Bouvier, falou à revista Rolling Stone sobre a importância da Warped Tour para a carreira da banda. No artigo, publicado no site da revista na última sexta-feira (17), Pierre destaca que a Warped Tour contribuiu para a conexão entre a banda e os fãs.

Confira a matéria na íntegra traduzida pela nossa equipe:

Pierre Bouvier, do Simple Plan: “a Warped Tour foi uma experiência como nenhuma outra”

Depois que os promotores anunciam a canção cisne da turnê, o líder do pop-punk relembra sobre suas origens sem igual, igualitárias e seu legado final

Desde os anos noventa, a Vans Warped Tour tem sido uma parte constante e integral da vida de Pierre Bouvier. Ele tocou na Tour algumas vezes com Reset, e mais tarde, com o colega Chuck Comeau, formou Simple Plan. O Warped Tour ajudou o Simple Plan a não apenas encontrar o seu caminho, mas manteve-se uma maneira para que o grupo ficasse conectado com seus heróis, amigos e fãs com mais de 10 anos tocando na turnê.

Após a notícia de que a Vans Warped Tour deixaria de existir após a edição de 2018, Bouvier falou com a Rolling Stone sobre sua história pessoal com o fundador Kevin Lyman e a comunidade Warped, bem como o estado da cena que o festival trouxe à proeminência.

Quando tocamos pela primeira vez na Warped Tour com o Simple Plan, já tive muita experiência com a Warped Tour sozinho, apenas participando e fazendo parte disso com outras bandas. Lembro-me de tocar no show de Toronto, e nossa maneira de fazer isso foi super DIY (faça você mesmo). Nós fomos ao redor de toda a multidão durante todo o dia, junto com dois Walkmans para tocar nossa demo de cinco músicas. Nós caminhamos para as pessoas e dissemos: “Ei, você quer ouvir alguma música? Nós estamos tocando à 1h em qualquer palco – estamos tocando”. “Nós iremos encontrar os fãs um a um.” Foi assim uma vez por ano, onde todos os fãs de punk rock e pop-punk de todos os gostos conseguiram se ver, conhecer um ao outro e estar em torno de pessoas que eram semelhantes a nós fora de nossos amigos e companheiros de banda. Gostaríamos de perceber em cada cidade que havia tantas pessoas que gostariam de Blink-182 e Green Day e Face To Face e Offspring e Pennywise e todas essas bandas legais que você não vê na MTV ou ouve no rádio.

Claro, isso foi um tempo antes que as mídias sociais explodissem. Ser capaz de tocar em algo assim foi muito mais difícil. Não era como se pudéssemos pressionar um botão no nosso telefone e encontrar um ao outro. Você precisava encontrar essas lojas de música alternativas ou ir à Warped Tour e ter uma ideia de quem eram essas bandas e como era essa cultura. Foi uma época realmente especial quando essas bandas surgiram.

Qualquer ano antes ou depois de nós tocarmos pela primeira vez como Simple Plan, Chuck e eu participamos da Warped Tour como fãs. Pois das nossas experiências com nosso plano anterior, nós tínhamos um relacionamento com alguns dos caras do Blink-182 desde quando nós tínhamos tocado algumas demos juntos. Eu sabia que o Chuck já tinha saído um pouco com o Mark [Hoppus]. Eu acho que foi na Toronto Warped Tour que nós basicamente esperamos o ônibus de turnê deles do lado de fora para que pudessem vir e, assim, nós possivelmente pudéssemos abordá-los e tocar a nossa mais nova demo que tínhamos gravado em Montreal. É assim que você fazia lá atrás: você encontrava bandas que você gostava e tocava sua música para eles. Eu tenho uma vívida memória de estar fora do ônibus de turnê do Blink, esperando eles saírem e, assim, nós poderíamos dizer “Oi.” Eu lembro de ser tão estúpido e pensar “cara, o que nós estamos fazendo aqui? Eles não querem falar com a gente!”. Chuck estava tipo “não, cara! Eu conheço o Mark e ele vai ficar feliz de me ver!”. Assim, nós esperamos por horas, e eles finalmente saíram e nós tocamos a demo. Era uma versão anterior da música I’d Do Anything, que terminou sendo o segundo single do nosso primeiro álbum. Mark realmente amou a demo e começou a se corresponder com Chuck. Então nós pensamos que seria a coisa mais legal, como meninos do pop-punk de Montreal, se pedíssemos para o Mark colaborar conosco nessa música, e ele acabou colaborando.

Basicamente, a Warped Tour foi um fator enorme para que a banda tivesse alguma notoriedade e excitação e campanhas publicitárias em torno disso. Terminou sendo um grande hit para nós.

A vibe foi muito importante. Todos somos os mesmos na Warped. Todos os ônibus de turnê estão estacionados juntos. Todos compartilham dos mesmos momentos. Isso permite que as pessoas esperançosamente sejam notadas por seus heróis na música. Eu penso que, por muitos de nossos fãs e colegas de bandas, temos sempre sido considerados o lado mais pop da Warped Tour. Nós havíamos tido muitos sucessos de mainstream e apoio de rádios, e há muitas pessoas que talvez não sejam fãs de hardcore na Warped Tour e que talvez conheçam nossa banda e tenham ouvido nossas músicas.
Mas sempre foi importante para nós permanecer como parte daquele cenário e não apenas ser uma banda pop-punk da MTV. Essa turnê foi onde nossa música começou e onde nós, como fãs, começamos. É importante para nós nos mantermos parte disso.

Temos sempre feito um consciente esforço para isso, mesmo que houvesse alguns anos em que, financeiramente, não fizesse muito sentido para a Warped Tour; porque há muitas bandas, não é uma enorme fonte de dinheiro para alguém. Nós poderíamos ter tido propostas mais lucrativas em algum outro lugar, mas era importante para nós irmos tocar – e possivelmente perder algum dinheiro, mas nos conectar com nosso fãs. [Tocar] na Warped Tour como uma banda é uma experiência como nenhuma outra. É como ir para um acampamento de verão.

Kevin Lyman [fundador da Warped Tour] e sua equipe realmente escolheram a dedo as bandas que são parte de um estilo. Se você gosta de Green Day, Blink-182, Simple Plan ou Good Charlotte e muitas outras bandas, você provavelmente irá gostar da banda tocando em qualquer palco. Isso é que é legal – dá uma oportunidade para bandas nesse estilo… Eles poderiam expor suas músicas para uma potencial multidão que já meio que gosta do estilo que eles estão fazendo.

Além disso, nem sempre funciona do jeito que o Kevin previu, mas isso manteve as bandas humildes. Se você foi à Warped Tour e pensou que era cool mas agiu como um bobo ou se sentiu superior aos outros, há uma chance de que você talvez seja expulso da turnê. Houve até um ano em que eu acreditei que Alien Ant Farm tinha um pouco de um atitude quando o cover que eles fizeram do Michael Jackson estava bombando e eles foram expulsos da turnê por causa disso. É humilhante, e na época, poderia ter sido frustrante.

Para nós, nós tocamos na Warped em 2002 e foi bem quando o No Pads, No Helmets… Just Balls foi lançado e nós começamos a fazer sucesso. Nosso cachê em turnê era pequeno – talvez $ 200, $ 300 por dia – e nós estávamos tocando em um pequeno palco que mal podia acomodar o público que estava vindo para nos ver. No fim da turnê, o Kevin nos pediu para fazermos isso no ano seguinte e nós concordamos com um contrato de $ 500 por dia para 2003. Como aquele ano progrediu, nós nos tornamos enormes com um álbum de platina e tudo fazendo sucesso. Nós fomos atrás do Kevin e dissemos que nós precisávamos de mais dinheiro, e ele disse “não! Nós fizemos um acordo para $ 500.” Na época, foi muito frustrante. Nós éramos uma das maiores bandas nas paradas e ganhávamos uma merda. Olhando para trás, é parte da mentalidade.

Isso é que é o legal disso. Você pode ir ver alguém quem está no auge, como Katy Perry, Sugar Ray ou mesmo Eminem. Você pode vê-los em um pequeno palco em uma época aleatória, e vai ser caos e mutilação. Isso fazia parte da magia. Estamos todos os mesmos, e agora que nós conhecemos o Kevin um pouco melhor, eu realmente acho que é isto o que ele estava tentando alcançar: não criar um monte de horríveis estrelas do rock. Eu acho que algumas pessoas interpretaram isso errado, mas eu entendi.

Mas a Warped Tour foi parte de uma geração. Ao longo dos últimos cinco anos, não é como tightknit e gênero-específico como costumava ser. Em 2000, todas as bandas na Warped tinham um som semelhante, onde agora, e porque é apenas normal que a música esteja evoluindo e mudando, há muito mais coisas. De música eletrônica a pessoas como Machine Gun Kelly e Twenty One Pilots. Não é mais apenas bandas tocando guitarras e bateria e arrasando. Não era sustentável como foi uma vez.

Isso vai ter que ser substituído por algo, de um jeito ou de outro. Eu acho que é uma vergonha que algo assim não possa continuar e existir e ser um lugar para que as pessoas existam e descubram coisas novas fora de seus celulares ou redes sociais ou Spotify. Então, novamente, isso é para onde o futuro está indo. Isso é evolução e como nosso pais se sentem sobre nós e como iremos nos sentir sobre nossos filhos.

É uma pena que esse estilo e cultura não possam se sustentar como costumavam. Sempre haverá estilos alternativos, música e culturas. No momento em que minhas filhas estiverem no ensino médio, tenho certeza de que haverá coisas que elas irão amar, o que me fará perguntar “O que diabos é isso?” Para elas, esse será o seu Warped Tour.

Mesmo o estilo de música que a Vans Warped Tour representou no começo e mesmo a meio caminho, não sei se esse estilo de música receberá muitos novos representantes. Não sei se haverá outro Blink-182. Haverá outras pessoas que são alternativas e diferentes, mas todos os pioneiros pop-punk estão fazendo coisas que não são como o que costumavam fazer. É por que eles ficaram entediados com isso? Todos os artistas já receberam covers? Todas as músicas foram escritas? Eu não sei.

Vale lembrar que o guitarrista Sébastien Lefebvre concedeu recentemente uma entrevista à revista Rolling Stone mexicana, na qual fala sobre a #NPNHJBTour e o estilo musical pop-punk. Confira clicando aqui.

    “Eu acho que é uma vergonha que algo assim não possa continuar e existir e ser um lugar para que as pessoas existam e descubram coisas novas fora de seus celulares ou redes sociais ou Spotify.
    …É uma pena que esse estilo e cultura não possam se sustentar como costumavam.”

    Falou tudo Pierre, triste! :(

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