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O jornal canadense La Presse publicou em seu site, na última segunda-feira, 28 de agosto, uma entrevista com Jeff Stinco e Chuck Comeau, guitarrista e baterista do grupo, respectivamente. Na matéria, eles falam sobre a atual turnê comemorativa de 15 anos de lançamento do primeiro álbum da banda e comentam sobre a ausência do baixista David Desrosiers, que atualmente luta contra a depressão. Confira a matéria completa e traduzida pela nossa equipe:
Simple Plan, a pequena maior banda do mundo
Quinze anos após o lançamento de No Pads, No Helmets… Just Balls, Simple Plan acaba de realizar uma turnê em homenagem ao álbum que a trouxe para o mundo. Apesar das dificuldades dos últimos tempos, incluindo a depressão de um dos integrantes, os caras continuam na estrada, sem baixar os braços nem criar um plano B.
9:00 da manhã: hora para reuniões de negócios, tempo para contadores, notários, advogados, mas certamente não é o momento para os músicos que se alimentam do rock’n’roll, os altos decibéis em noites loucas . No entanto, foi nessa hora que Chuck Comeau e Jeff Stinco, respectivamente baterista e guitarrista do grupo Simple Plan, me concederam um momento. Foi na semana passada, na véspera de suas partidas para uma turnê que os levará de Grand Rapids em Michigan, até Cozumelno México, passando pelo Texas, Ohio, Vegas, Montreal (18 setembro no Metrópole), Quebec (dia 19 no Capitole), no oeste do Canadá e no Japão.
Esta turnê especial, projetado para os fãs, comemora os 15 anos de No Pads, No Helmets … Just Balls, álbum emblemático dosom e do espírito Simple Plan que vendeu mais de 4 milhões de cópias e colocou o Simple Plan no topo das paradas e no coração dos adolescentes de 2002.
Naquela época, os cinco membros do Simple Plan, francofonosdo oeste da Ilha de Montreal e do Colégio Beaubois, tinham 25 anos. Eles eram jovens, livres, despreocupados e … solteiros. Agora eles têm 40 anos de idade, planos de aposentadoria, investimentos, mulheres e crianças. Todos, exceto David Desrosiers, baixista solteiro do grupo, que se retirou das duas ultimas turnês por causa de uma depressão que ele tenta curar.
No início esta manhã de meados de agosto, encontro os dois pilares: Chuck, considerado o estrategista do grupo, aquele que fez um ano de direito em McGill e cujo pai é advogado, e Jeff, o guitarrista, mas também empresário do ramos de restaurantes, proprietário do Mangiafoco, na Velha Montreal, mas não mais do Laurea, que foi em suas próprias palavras “um casamento ruim e um divórcio ainda pior”.
No dia anterior à nossa entrevista, fiquei surpreso ao saber que, em 18 anos de carreira, o Simple Plan vendeu apenas 10 milhões de álbuns. Sim, eu sei, para o mercado do Quebec, é enorme, espetacular e… absolutamente impossível. Mas para um mercado que abrange a América do Norte, Europa e Ásia, é modesto. Para comparação, o U2 vendeu cerca de 170 milhões de álbuns em carreira e Céline Dion, mais de 200 milhões. Quanto a Black Eyed Peas e ao Linkin Park, que começaram ao mesmo tempo que o Simple Plan e que freqüentemente viajaram com eles, suas vendas totais são cerca de 75 milhões.
Jeff Stinco responde primeiro: “Nossas vendas estão nos dois primeiros álbuns. Desde então, a indústria mudou completamente. As vendas físicas praticamente não existem mais. Não apenas para nós. Para todos. Nossos números estão agora no Spotify.“
Chuck opta por franqueza e lucidez.
“Não contaremos histórias: não somos Metallica nem U2. Não pertencemos aos 1% dos artistas que ganham mais do que os 99% da classe média das bandas. Se eu puder usar uma analogia com o hóquei: nunca seremos Sidney Crosby, mas jogamos na Liga Nacional e nós faremos uma boa vida. E, francamente, apesar de o Simple Plan nunca ter feito a capa da Rolling Stone, não tenho vergonha de nossas 10 milhões de vendas. Também não estou desapontado.
“Nós fizemos o que queríamos. Talvez não tenhamos cumprido tudo o que sonhamos, mas não desistimos. Quem sabe o que o amanhã aguardará?
O grupo ainda é solicitado em vários mercados, mas se a tendência é se manter, seu futuro pode ser menos cor-de-rosa do que seu passado. Adicione a isso os percalços dentro do grupo. Em novembro passado, o grupo teve que cancelar 10 concertos devido aos problemas das cordas vocais do cantor Pierre Bouvier. O problema seria resolvido sem que Bouvier precisasse ser operado. “É algo que acontece com muitos cantores, incluindo Adele. É por isso que fizemos uma pausa preventiva de três semanas para Pierre descansar. Desde então, tudo está bem”, diz Chuck.
O caso de David Desrosiers é mais problemático. Por enquanto, ninguém o está substituindo no palco. Seus acordes do baixo são transmitidos durante os concertos, uma prática comum. “Em 2002, teria sido mal visto, mas hoje, a grande maioria dos grupos aproveita as faixas gravadas no show. É também uma maneira de manter David com a gente e não virar tudo de cabeça para baixo”, diz Jeff.
Chuck, por sua vez, diz que David sempre foi diferente dos outros. “David é uma estrela do rock e um personagem complexo. Ele também é o único solteiro no grupo. Não tem as mesmas prioridades e responsabilidades que nós. Por causa de nossas famílias, tendemos a organizar nossas turnês de uma forma condensada para podermos voltar pra casa mais rápido. David gostaria de ter mais tempo, mais feriados. Ele tem gostos de estrela do rock e nós, trabalhadores de colarinho azul. Ele se sente um pouco distante dentro do grupo e nós entendendo que é difícil para ele“.
O grupo está passando por um momento crítico na sua carreira? Jeff e Chuck não parecem pensar assim. Eles dizem que viveram muito pior em 18 anos de banda, mantendo os pés no chão. Jeff lembra que quando o Simple Plan entrou em cena em 1999, os excessos foram menos valorizados do que a capacidade de recursos e a perspicácia empresarial dos músicos.
“Talvez fôssemos, mas nunca perdemos um vôo ou um show. E o mais importante, logo percebemos que ninguém se importaria mais com nós do que nós mesmos “, diz Jeff Stinco.
Uma pergunta com trocadilho: no início, o plano era simples, mas agora que o tempo passou, o Simple Plan tem um plano B?
Jeff e Chuck sorriem: um sorriso tanto irônico quanto combativo, dizendo-me que não vão se aposentar amanhã. “O que aprendemos a tempo neste trabalho é que você é tão bom quanto seu último sucesso. Em suma, mesmo se não estivermos no nosso auge, ainda estamos lá. Ainda temos um lugar na indústria e uma música, apenas uma, que poderá mudar nossas vidas”.
Este é o fim da entrevista. Amanhã, Jeff, Chuck e o resto da banda estarão de volta à estrada deixando suas esposas e filhos para trás, menos livres do que antes, mas feliz por ter fãs esperando por eles e por a música ainda ser o meio de vida ou pelo resto as suas vidas.